segunda-feira, 22 de junho de 2009

"Treina-te a pensar em dois mundos ao mesmo tempo, de duas maneiras diferentes. Diz para contigo mesmo que, à noite, o adormecido observa os seus sonhos, mas uma vez acordado são os sonhos que o seguem e se metem na sua vida. Tenta modificar a tua percepção e verá o mundo com olhos mágicos".

Bourre, Jean-Paul (org.) (2000), Sabedoria Ameríndia. Lisboa: Pergaminho

Não descobri como postar anônimo; acho que não tem como. Só comentários de postagens podem ser anônimos, eu acho. Então se for assim mesmo, podem postar as narrativas como comentérios deste tópico.

Abraços

domingo, 21 de junho de 2009

Abaporu

O Sol subiu à sua cabeça, desajeitada como o primeiro avião, pensando o que fazer com tanto céu. Tantos homens comeu, bebeu e vomitou que fora do seu mediano coração crescia um cacto tendendo ao infinito positivo. Era verde como os vermes, grande como grosso, e beijava o irremediável disco solar, na esperança de poder um dia parar de sonhar.

Nos seus sonhos o cacto sonhava com um lindo lar. Verde como era, e amarelo como beijava. Engolia pela boca de Abaporu cada migalha de pão europeu. Deglutia inexoravelmente os carboidratos com sabor de melão, porque só assim poderia ser. Depois de tão grande, já não suportando as dores estrangeiras, o cacto olhou aquele ser parte de si, que inconscientemente comia tanta gente, e com o Sol teve a sua idéia brilhante.
Foi então que segurou a mão pensativa de Abaporu, e ainda beijando o Sol, que tocava a mais bela das canções no universo sem fim, rodopiou-o pelos ares absurdos daquele verão cheirando a calor. Abaporu então viu tudo girar em verde, amarelo e azul, e no segundo que se perdeu pelo espaço da sua pequena cabeça, entendeu finalmente o mistério do planeta.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Constante Diálogo (mensagem teste)

O Constante Diálogo
Há tantos diálogos

Diálogo com o ser amado
o semelhante
o diferente
o indiferente
o oposto
o adversário
o surdo-mudo
o possesso
o irracional
o vegetal
o mineral
o inominado

Diálogo consigo mesmo
com a noite
os astros
os mortos
as ideias
o sonho
o passado
o mais que futuro

Escolhe teu diálogo
e
tua melhor palavra
ou
teu melhor silêncio.
Mesmo no silêncio e com o silêncio
dialogamos.

Carlos Drummond de Andrade